Espécie do mês de Janeiro: Milhafre-real

O milhafre-real (Milvus milvus) é uma ave de rapina diurna de comprimento compreendido entre 55 e 64 cm, e com uma envergadura máxima de 180 cm. Esta ave apresenta uma plumagem corporal castanha com pequenas manchas escuras e uma cauda comprida marcadamente bifurcada de cor ruiva. As asas são de cor castanha escura e com pontas de cor negra. Na face superior destas pode-se observar uma linha diagonal descendente mais clara e na parte inferior é possível identificar uma janela translúcida de cor branca. A cabeça é de cor cinza claro com um padrão listrado vertical de cor negra. O milhafre-real juvenil apresenta uma cor mais clara que os adultos, as penas corporais destes têm uma lista preta central e pontas pálidas e a cauda é de cor castanha.

Esta espécie é residente e pode ser encontrada principalmente em planícies e montados, encostas e bosques, podendo também ser observada em áreas de cultivo (principalmente de cereais) e zonas urbanizadas. A alimentação desta ave é constituída por roedores, pequenos pássaros e peixes, contudo esta adopta, sempre que possível, hábitos necrófagos.

O milhafre-real é normalmente solitário mas no Inverno muitos destes agrupam-se em locais de abrigo. Além disso, é uma espécie que acasala para toda a vida (monógama) sendo possível observá-los aos pares na época de acasalamento.
O período de nidificação tem início em Março e a postura decorre ao longo do mês de Abril, com a deposição de 1 a 3 ovos. Após 31 a 32 dias dá-se a eclosão das crias que irão permanecer aos cuidados dos progenitores durante aproximadamente 50 dias.

Em Portugal encontramos uma população bastante fragmentada, principalmente nos meses de Inverno durante a estadia de populações invernantes provenientes do norte e centro da Europa. Da população residente, 70 a 80% destas aves encontram-se nas regiões do Planalto Mirandês, Ribacôa e entre Castelo Branco e Idanha-a-Nova. O restante efectivo encontra-se disperso em vários locais do Alentejo e das bacias do Mondego e Tejo.

Actualmente, em Portugal, a população nidificante (residente), que se distribui pelo nordeste do território, encontra-se “Criticamente em Perigo” e a população invernante, que envolve quase todas as aves que surgem no Alentejo, tem o estatuto de "Vulnerável", estatutos de conservação definidos pelo ICNB em 2005.

As principais ameaças são o abate ilegal e o envenenamento por consumo de carcaças e iscos. Podemos ainda assinalar a electrocussão em linhas eléctricas, a colisão com as pás dos aerogeradores em parques eólicos, o corte de maciços florestais, o abandono da agricultutra tradicional, a redução da disponibilidade alimentar devido ao cumprimento das exigências higieno-sanitárias e ainda a competição com outras aves de rapina florestais.

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