Espécie do mês de Setembro: Grifo


O grifo (Gyps fulvus) é uma ave de rapina diurna de grandes dimensões, com uma envergadura que pode atingir os 2,65m, e essencialmente bicolor (penas de voo e cauda mais escuras e corpo e restantes penas das asas mais claras). Possui asas largas com “dedos” muito compridos, cauda curta e arredondada e cabeça de cor pálida e de difícil observação durante o voo. O adulto apresenta uma gola de penas esbranquiçadas em torno do pescoço e bico amarelado enquanto que o juvenil possui uma gola castanha clara e um bico cinzento.

Grifo (Gyps fulvus) juvenil

Plana em círculos e desliza com frequência, surgindo em bandos dispersos e confinando-se aos cumes das montanhas. No nosso país, o seu habitat de nidificação corresponde exclusivamente a escarpas rochosas de grande dimensão. Faz o ninho em saliências ou pequenas cavernas nas escarpas e raramente em árvores, reutilizando o ninho em anos consecutivos. O seu habitat de alimentação corresponde a campos desarborizados onde se realiza aproveitamento pecuário extensivo. Por vezes realiza movimentos migratórios para explorar zonas de alimentação. Necessita de uma ampla extensão de correntes de ar ascendentes ou térmicas e procura frequentemente cursos de água para se banhar e beber. Na dormida, é comunal (dormem em pequenas comunidades) e nocturno em grupos desagregados, podendo formar dormitórios em árvores.

Grifo (Gyps fulvus) em voo

A população de grifos em Portugal encontra-se confinada aos vales do Douro superior, e seus afluentes, e do Tejo (troço internacional) e seus afluentes, havendo também alguns casais na Serra de S. Mamede e na zona de Barrancos. Esta ave apresenta hábitos necrófagos (alimenta-se dos tecidos macios – músculos e vísceras – de mamíferos de médio e grande porte). Detecta os cadáveres através da visão, muitas vezes pelo movimento de outras aves, no solo ou no ar. Para reprodução, é uma espécie colonial e ambos os progenitores alimentam as crias por regurgitação, crias estas que são nidícolas (eclodem do ovo sem estar completamente desenvolvidas, sem penas). O período de nidificação decorre entre Dezembro e Agosto.

Mapa da distribuição dos ingressos (por freguesia), no CERVAS, de Gyps fulvus, registados entre 2006 e 2009 e dos principais rios de Portugal continental.

As principais ameaças a esta espécie são: uso de iscos envenenados para captura de predadores de espécies pecuárias, redução da disponibilidade trófica devido ao cumprimento das exigências higieno-sanitárias, diminuição do aproveitamento pecuário extensivo, a modernização agrícola, a perturbação humana, a colisão e electrocussão, a degradação de habitats, a perseguição humana e a construção de parques eólicos.
Em 2005, o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade atribuiu-lhe o estatuto de “Quase ameaçado”.

Poderá encontrar mais informações sobre o Grifo e outros abutres nesta Reportagem RTP.

Comentários

Anónimo disse…
Olá! Venho deixar os meus parabéns pelo vosso blog que está bastante bom, quer a nível da informação sobre as actividades do CERVAS, quer a nível mais geral sobre as espécies e conservação da natureza.
Já agora deixo aqui o novo link para o site do LxCRAS em Monsanto, Lisboa:

http://lisboaverde.cm-lisboa.pt/index.php?id=4098

Cumprimentos a toda a equipa e continuem o excelente trabalho!

Verónica Bogalho

Mensagens populares deste blogue

Espécie do mês de Maio: Cobra-rateira

Espécie do mês de Setembro: Cágado-mediterrânico

Espécie do mês de Junho: Melro-preto

Espécie do mês de Março: Corvo

Espécie do mês de Junho: Ouriço-cacheiro

Espécie do mês de Junho: Víbora-cornuda

Espécie do mês de Março: Morcego-anão

Espécie do mês de Abril: Coelho-bravo

Espécie do mês de Setembro: Cobra-de-água-de-colar

Espécie do mês de Fevereiro: Gavião